sábado, 27 de março de 2010

Um novo olhar para a relação Família/Drogas

Estou participando de um curso on-line: "Curso Prevenção ao uso indevido de drogas: Capacitação para Conselheiros e Lideranças Comunitárias". Nos fóruns de discussões um assunto que aparece com frequência é a relação Familia e Dependência Química. Alguns discutem qual a postura que a família tem que ter; outros a relação de Co-Dependência; além disso, questionam se a familía é vitima ou culpada. Diante dessas, dúvidas me senti instigada a falar sobre o tema.

Vou utilizar como base para meu texto uma resposta que dei a um dos forúns e fazer alguns recortes do meu artigo (Resignificando a Dependência Química no Contexto Familiar)  de conclusão do curso de Terapia de Casal e Familia:

A família pode tanto ser o algoz e/ou a vitima. É esse olhar que precisamos ter ao tratar a dependência química, pois esta é uma junção de vários fatores, por isso é necessario ampliar o foco, sair do senso comum, questionar, não permitir respostas lineares (x causa y).

 A compreensão da Dependência Química (DQ) vem se modificando ao longo da história. O uso de drogas existe desde a antiguidade sendo utilizada de diferentes formas e para fins distintos conforme a cultura do local e da época.

A dependência química já foi vista como um problema espiritual, o que isentava o drogadicto e sua família de qualquer responsabilidade; já foi considerada uma questão moral, o dependente era um marginal e as suas famílias eram consideradas vítimas. Já foi entendida como doença, em 1966, pela Associação Médica Americana, a DQ era, então, tratada apenas na perspectiva médica. Atualmente a dependência é compreendida como um "fenômeno multifatorial”.

O grande desafio, então, para quem trabalha com o usuário de droga é a compreensão de todo o contexto em que ele está inserido, é aprender a não culpar ou vitimizar. Essa nova perspectiva da dependência química traz consigo uma co-responsabilização de todos os sistemas que o usuário de drogas está envolvido e, assim, não isenta a si mesmo e nem a sua família.

Trazer a família para participar do tratamento tem sido em minha experiência um desafio gratificante. É muito fácil perceber as dificuldades, as resistências e os comportamentos facilitadores da família. Quase sempre a família e o usuário apresentam demandas diferentes para o tratamento. Desta forma a atuação do profissional diante da drogadição deve ser de compreender a demanda para o atendimento e enxergar as possibilidades de mudanças existentes na família.

É preciso descobrir SAÚDE na família, compreender qual o sentido da droga para aquele contexto familiar e aceitar que existem várias "verdades", enxergar o significado individual da droga, o que ela deseperta em cada um da familia, dar voz para os medos e as fantasias, quando isso acontece o resultado é surpreendente, passam a compreender o que chamamos de co-responsabilidade!  

A família, sem dúvida, precisa ser cuidada, tratada e compreendida.

Vou deixar algumas dicas de livro sobre a co-dependência:
Co-Dependência Nunca Mais e Para Além da Co-Dependêcia
(ambos de Melody Beattie ED. Record)

Codependência - o Transtorno e a Intervenção em Rede

(Maria Aparecida Junqueira Zampieri - ED. Ágora)

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